quinta-feira, outubro 26, 2006

BaiHunos no Goethe Cafe

O Bando de Uns lançou seu show BaiHunos - Doces Bárbaros 30 anos no Goethe Cafe no último sábado, 21 de outubro. Segue o texto do programa e um trecho do show:

Baihunos


Baianos e Hunos foram reunidos, no termo Baihunos, na imprensa brasileira em 1972, num artigo de Millôr Fernandes para o jornal O Pasquim, numa tirada irônica e agressiva, a questionar uma certa “invasão” de baianos na cidade do Rio de Janeiro. Em 1976, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia se reuniram para um show/disco/filme e assumiram a pecha de bárbaros, numa acepção um tanto quanto diferente.

O show Os Doces Bárbaros, que teve como um dos principais motes a liberdade comportamental, estreou em junho de 1976, no Anhembi, em São Paulo, causando furor entre crítica e público. A resposta que Caetano Veloso esboçou com o nome do grupo traduzia os elementos de que esses artistas dispunham para invadir, de fato, o cenário midiático brasileiro. Eram jovens, baianos, mestiços, regionais e universais. Tudo o que desagradou Millôr, mas provocou outros setores das artes e imprensa, chegou à cidade do Salvador em outubro de 1976, após uma turnê intercalada pela prisão de Gilberto Gil por porte de maconha, em Florianópolis.

Na cidade da Bahia, os Doces Bárbaros puderam, apresentar um repertório que passeava entre os sambas-de-roda estilizados de Wally Salomão, até a história negra do rock proposta por Gil em Chuck Berry Fields Forever, passando por Caymmi e pelas composições autorais, a evocar uma brasilidade composta de feixes de identidade muito mais complexos que nossa vã idéia de unidade nacional. Em Os Doces Bárbaros, esse Brasil se coloca hippie, rocker, pop, baiano e plural.

Em 2006, trinta anos depois do evento, o bando de uns traz Baihunos – o show –, procurando desenhar uma trajetória da música sobre a Bahia chegando até os desdobramentos dessa estética, como o afro e as matrizes do nosso moderno carnaval. Em 2006, então, após trinta anos, ainda podemos falar em alto astral, afoxés, lindas canções e num Brasil de identidades múltiplas, entre as quais, a Bahia se encontra como uma representação de relevância inconteste.


CARLOS BARROS


Nenhum comentário: